(des) culpa..

doía...

as lágrimas desciam quentes pelo rosto enquanto escrevia...

a dor não era física, mas se dava na parte inferior da barriga, e provinha da recente percepção da verdade...

agora finalmente sabia, era um completo imbecil...

suas razões eram vagas, mas seus atos perfeitamente ilustravam a sua incrível habilidade de errar...

se considerava intocável por detrás de letras digitadas, mas havia descoberto que mesmo através delas sua capacidade de acabar com coisas boas estava bem presente...

em sua cabeça pesavam forte as dores que causara, em seu estômago reviravam-se os sentimentos que havia devorado...

sua disfuncionalidade era palpável, e nos momentos onde tudo parecia estar certo, castigava-se com a certeza do erro por vir..

se sentia realmente mal, mas era fraco demais para livrar seus cativos e muito covarde para se jogar do décimo andar...

ao invés disso usava expressões como "perdão" ou "sinto muito" para tentar amenizar seus atos, mesmo sabendo serem inúteis...

com o tempo, as luzes foram caindo e a noite chegou...

por detrás das letras, as lágrimas continuaram...

as desculpas também...