Vazio interno...

"É estranho quando se chega a um ponto onde nos importamos demais para simplesmente não nos importarmos mais..."



Essa era a frase inicial que ele havia digitado em seu computador...



O rapaz magro e de expressão cansada sentava-se em frente ao monitor, escrevendo, em meio as altas horas da noite...



Sentia-se perdido, e encontrava-se aprisionado em sua frase inicial....



Travava uma batalha interna, lutando com todas as forças para espremer alguma coisa de sua cabeça para a tela do monitor...



Lentamente, suas mãos começaram a se mover em direção ao teclado, e letra por letra digitaram uma nova frase...



"É estranho o quão importante um simples detalhe se torna nesses momentos..."




Novamente estacou, pensando em frente ao computador...



Seus olhos examinando a mesa a sua frente, parando vez ou outra sobre o telefone celular, deixado de lado junto ao teclado...



Havia algum tempo, esperava um sinal, um mínimo apoio que fosse, uma única palavra....



Esperava algo, por menor que fosse, e esperava isso de alguém...



Era justamente porque esperava, que escrevia....



Tentava buscar na escrita uma resposta para essa angústia, um lugar no qual recostar seus medos, e abandonar seus sentimentos....



Mas quanto mais lutava, menos escrevia, e mais sentia.....



O vazio aumentava, não somente entre ele e o computador, mas também entre ele e esse alguém...



Mas o vazio era interno, imperceptível pra qualquer outro que não fosse ele...



E ele se deixava ficar, parado ali, inerte, em frente ao monitor, lutando contra seus demônios....



As duas frases que havia escrito ja não faziam mais sentido algum, ele havia antigido um estágio onde nada mais parecia real, no entanto, tudo pesava e doía mais forte....



Por vários minutos continuou nessa situação, lendo e re-lendo o que havia escrito...



Até que tomou uma decisão...



Pegou em sua mão o mouse, e o arrastou sobre as duas frases que havia criado, selecionando-as...



Com o indicador direito, apertou o botão "delete" no teclado, fazendo o que sempre fazia quando se sentia confuso, fugindo....



Olhou uma última vez para o computador antes de desligá-lo....



Ningupem havia de saber o que ele estava sentindo...



Deitou-se em sua cama solitária e adormeceu...



Na manhã seguinte, tudo estava bem....